15 Años de Ideas libres y diversas - Edición 102

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Literatura Cronopio

Poesias

POESÍAS

Por Valentina Camus Hinojosa*

JESÚS EL CRISTO

Hola
Soy Jesucristo
Y estoy sufriendo

Soy una pegatina en la micro
Cae una lágrima que en mis ojos se confunde
Soy una figurita de arcilla
Me vendo por nuevenoventa
Estoy en la pared de un living
O en una sala de espera
Con cara de orgasmo
O algún tipo de satisfacción orgiástica

Literatura Cronopio

De la voz poética propia y colectiva

DE LA VOZ POÉTICA PROPIA Y COLECTIVA

Por George Reyes*

El poeta y crítico literario mexicano José Homero afirma que Borges cifraba su inmortalidad en la «memoria popular de sus versos» [1]. ¡Y lo logró! Todo poeta de carrera ―hombre y mujer― encarna el deseo del insigne Borges, en medio del actual universo con detonación poética lírica pura, lírica contextualizada, intelectual, erótica, amorosa, ideológica militante, mística, de lo cotidiano, infantil y muchas otras más.

Literatura Cronopio

Si las paredes pudieran hablar

SI LAS PAREDES PUDIERAN HABLAR

Por Amanda LeClair*

Hoy es el último día de mi vida. Nadie me lo dijo, pero yo lo sabía. Luché mucho para poder estar en mi casa durante mis últimos momentos. Aparentemente, no he vivido aquí por muchos años. En algún lugar en el camino perdí la memoria, pero hoy ha vuelto a mí. Los actuales propietarios fueron lo suficientemente amables conmigo y me permitieron que entrara a su casa y me dieron un poco de privacidad mientras trabajaban en su jardín. Por un tiempo, yo no pasé de la puerta de entrada. En cierto modo, es como siempre ha sido. Hay arcos situados a la izquierda, derecha y centro. Están hechos de madera que ya se ve desgastada, pero cuando vi a mi padre construir esta casa, la madera era nueva. Un pequeño banco inclinado de madera reposa en una esquina, el primero y único que hice. Los nuevos propietarios ponen allí sus zapatos.

Literatura Cronopio

58 pasos

58 PASOS

Por Raúl Córdoba*

si al cruzar por la oficina de frontera
en altas horas, me piden
los documentos y los motivos
para ingresar a un mundo que no
me concierne, voy
a contarles del peso que me empuja
hacia fuera de mí, el
recuerdo de tu pelo mojado,
nuestro hijo corriendo
entre las cosas que nos separan,
jurando que ya estoy listo
para las piedras del camino.

Literatura Cronopio

Mujer

MUJER

Por Alexis da Costa*

PERFECTA HISTORIA DE AMOR

Parece absurdo cuando relato esta historia, suena como a vieja leyenda de amor, de esas irónicas dónde el narrador parece el actor, el mundo pierde sentido y cada escena te inspira un amor —suena terrible ¿no?—. Otras veces parece un cuento de niños, sin héroes ni villanos, amor o desamor, solo gastadas emociones, rebuscadas declaraciones y ese fresco toque de pasión. Yo prefiero compararla con una cotidiana cena de amor, donde ambos se buscan perfectos (intentando mantener una ilusión). Se llenan mil copas, se regalan sonrisas y sacan lo mejor; un amor de una noche que no tiene sentido ni explicación y al final termina con un tierno beso y una vana expresión de amor, con dos copas vacías y los dos enamorados como antes, solos con su amor.

Sociedad Cronopio

La otra gráfica, la del margen

LA OTRA GRÁFICA, LA DEL MARGEN

Por Proyectoscomunicorriente y Revista Cronopio

Muchos ilustradores, muchos jóvenes, muchos artistas, muchos editores, muchos bichos. Si, «Muchos Bichos». Así titula el libro que conmemora el taller tipo Workshop, Gráfica al Margen, realizado por Proyectoscomunicorriente —un colectivo de artistas gráficos de la ciudad de Bogotá— los pasados 6 y 7 de septiembre de 2014 en la ciudad de Medellín. ¿Para qué un evento de ilustración y editoriales afines a las artes gráficas en la ciudad de la innovación y las soluciones prácticas? Pues para recordarle al paisa de a pie, y a los colombianos en general, que por nuestras calles también caminan autores destacados, personas creativas, artistas plásticos, que, sépanlo o no, hacen de este mundo un lugar más bello, o cuanto menos nos dan motivos para verlo así.

Invitada Cronopio

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SEXO VIRTUAL

Por Lélia Almeida*

Clic aquí para leer en español

Escrevi um romance que se chama Anêmona Bristol e que conta a história de uma blogueira tão ruim, mas tão ruim, que a personagem termina, por este motivo, ganhando grande popularidade. «Anêmona Bristol» é o pseudônimo de Ítala Açucena, uma escritora fracassada que se pergunta por que as mulheres têm tanta dificuldade de escrever humor e erotismo.

Para a construção da personagem criei, em algumas redes sociais, durante muitos meses, o perfil de Anêmona Bristol, que é uma espécie de piriguete retardada, gostosa e popozuda; com isso pude teclar com marmanjos de todo o país por noites inteiras, e acabei conhecendo um universo peculiar. Peculiar e familiar, se me faço entender. Porque o que tem na rede é o que tem na vida real, na mesa do bar, do boteco, do trabalho, de qualquer lugar onde as pessoas habitam e convivem. E mesmo tendo lido muitos especialistas sobre namoros e encontros na internet, não sou capaz de teorizar sobre o tema. A minha pergunta, a mesma de Ítala Açucena, é simples: por que as mulheres não escrevem humor e não falam sobre sexo?

Descobri algumas coisas que todo mundo que navega sabe. Você passa a ser chamada, imediatamente, por nomes super originais como «gata», «princesa», «linda» e «querida», o que por si só já é uma retardadice. Estou falando dos homens, mas quero dizer que também conversei com muitas mulheres e a idiotice é a mesma, com seus «queridos», «gatinhos», «meu príncipe», «gostoso» etc. A cordialidade no diálogo dura segundos, o tempo da criatura perguntar «de onde vc está tc». Você aprende a escrever «naum», «te kero», «humm», nesta outra língua que as pessoas da minha idade precisam aprender e que qualquer pessoa de 30 anos domina com perfeição, intercaladas com carinhas com sorriso pra cima, pra baixo, corações vermelhos latejantes de muito mau gosto, vídeos de beijos de língua completamente artificiais, fodas horrorosas e vídeos do YouTube com músicas como «Have you ever really loved a woman?, do Bryan Adams, «My heart will go on (LIVE)», da Celine Dion, «Leviana», do Reginaldo Rossi ou «Toda Mulher», do Wando. A cordialidade dura segundos, você diz de onde está teclando, o outro também, ele vai dizer que a sua cidade é linda e que tem muita vontade de conhecer, pergunta se você é casada, ele quase sempre diz que está casado, mas que conta com a imponderabilidade do destino e que por isto está ali babando no seu perfil. Alguns ainda se arvoram a certo grau de sofisticação espiritual dizendo que sentem a sua energia e especulam sobre o quanto é mágico identificar-se com uma pessoa sem conhecê-la, afinal, nada é por acaso, apelando para expedientes relativos à sincronicidade junguiana ou para o repertório astrológico.

Passados os breves segundos da cordialidade vai-se, então, diretamente para a putaria deslavada onde você lê pérolas originalíssimas como «toma rola», «toma pica», «me dá a tua bundinha», «te chupo toda», e o procedimento é meio padrão. Há um padrão, do tempo do término da cordialidade até o começo do embate, e, imediatamente, o senhor pergunta pelas suas mais secretas fantasias e, sem sequer ler o que você possa ter escrito, declara que deseja, sem mais delongas, o seu rabo. Porque a única e maior transgressão sexual do macharedo brasileiro, de qualquer idade, do Oiapoque ao Chuí, é comer um cu. Pensem o que quiserem, eu não interpreto nada, eu sou uma escritora, eu só ouço e escrevo. Indo para o âmbito internacional, os portugueses clamam por «comer-te a gatas» (ou seja, de quatro) e querem traçar a tua «rata». E foi neste momento que tive de alinhar o vocabulário, com alguns, porque, além das diferenças regionais, mesmo transcontinentais, havia outras de ordens diversas que me broxavam e impediam de continuar a conversa com homens adultos que falavam do seu pintinho e com mulheres velhas que falavam da sua coisinha.

Alicia Steimberg, uma das escritoras mais geniais da atualidade, argentina, escreveu uma verdadeira obra-prima chamada Amatista, que foi finalista de um importante prêmio de literatura erótica, o La Sonrisa Vertical, e que, lamentavelmente, nunca foi traduzido ao português.
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Steimberg, em Amatista, cria um diálogo entre uma psicanalista e um paciente que faz com que a gente leia o livro de cabo a rabo, sem respirar, uma perfeição. Também é dela uma reflexão sobre literatura erótica onde ela diz que os argentinos não têm o menor problema de dizer que são muito liberais e que trepam muito e com quem lhes apetece, mas que são incapazes de dizer, com o mesmo desprendimento e orgulho, que são grandes punheteiros. Para ela escrever literatura erótica e ter um público leitor interessado significaria mais ou menos isso, uma grande masturbação coletiva. Difícil é fazê-lo com a perfeição que ela alcança. Porque se pensarmos no ato em si, há uma mecânica simples que obedece e movimentos de entra e sai, levanta e sobe, e não há como transformar esta dinâmica simples em algo interessante ou excitante.

Consta que a população brasileira, dos quase 300.000 verbetes do Houaiss, faz uso de uma média de apenas 4.000 deles, e eu garanto a vocês que no quesito putaria-na-rede o vocabulário deve estar restrito a muito menos de 50 palavras, já que a prática me permitiu contabilizar também esta precariedade quantitativa. Eu e Anêmona Bristol buscávamos poses, posições, e, principalmente, vocabulário, entendendo que há maravilhas na língua portuguesa, palavras mimosas e sugestivas como «côncavo», «baba-de-moça», «vara», «pomba», «rombudo», «badalo», «rola», «ferro», «estojo», «urna», «cava», «cona», «bainha», «vagem», «berbigão», «castanha», «carlotinha», «crica», «dedo-sem-unha», «dente-de-alho», «espia-caminho», «hastezinha», «pevide», «pito», «pinguelo», «sambico», «mitra», «cabaça», «monte-de-vênus», «larga», «aguada», «apertada», «arrombada», «bela», «perseguida», «bochechuda», «cabeluda», «crespa», «pentelhuda», «preta», «suada», «boca-do-mato», «brecha», «caixinha de segredos», «canoinha», «cova», «devora cobra», «lanho», «cofre», «ninho-de-rola», «rego», «escrínio», «aranha», «bacalhau», «barata», «bichana», «lacraia», «mosca», «passarinha», «perereca», «pomba», «rola», «ursa», «touceira», «cebola-quente», «barbiana», «romã», «rosinha», «xexeca», «xoxota», «breba», «buça», «búzio», «ferrolho», «ganso», «rodela», «bronha», «mastruço», «gruta», «porongo», «estrovenga», «bagos», «bimba», «pimbinha», «bilola», «bilunga», «bastão», «fole», «bífida», entre outras.

Em se tratando do vocabulário erótico na rede podemos concluir que nada é surpreendente ou instigante, e o que temos é de uma pobreza atroz.

Importante esclarecer que o que me interessava era a narrativa da coisa, o palavreado mesmo, e que, portanto, o embate durava o tempo exato que as criaturas suportavam o meu espichado cu doce; mas sem webcam, porque, com ela, as palavras, que era o que eu buscava, desapareciam imediatamente.

Fiquei, nas primeiras semanas, estarrecida com a naturalidade com que os bofes perguntavam «vc que ver o meu pau?». Nossa! Como os homens amam os seus membros! Isso é realmente digno de nota e estudo. Não conheço nenhuma mulher que tenha tamanha obsessão e genuíno afeto por suas partes íntimas.

E aprendi outras coisas importantes que vou levar para a vida e que, como sou generosa vou dividir com você, leitor. Na rede, como na vida, há sempre um que ama mais que o outro, um que se dedica mais, que se esforça mais. Reconheço que, no meu exercício literário, onde o espírito da puta se mesclava ao da antropóloga-assistente social em campo, propiciei momentos maravilhosos para algumas criaturas, com a riqueza de detalhes que requer a descrição de um bom fellatio ou de uma eficiente cunilíngua, e a criatura gozava com um simples «kasdhjoiwqfksfiowyhwndkshoaidiwhdlwqn»! Dá licença, é muita preguiça, né? Na vida real deve ser daqueles preguiçosos que deixa uma mulher com LER (Lesão por Esforço Repetitivo) em determinadas situações onde se requer empenho e constância. O sexo na rede é uma debiloidice, eu garanto, assim como na vida real, onde quase sempre também é complicado.

E sobre a minha busca posso dizer que foi um flagrante desastre, uma decepção. Larguei a rede e voltei aos clássicos literários, porque o erotismo não tem a ver com a coisa em si, mas com o contexto, e este segredo, sabido por muitos, é facilmente esquecido, tanto na vida, como na rede e na literatura. O que nos excita não é o que se mostra, mas o que se esconde.
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A pergunta sobre por que as mulheres não escrevem humor e erotismo continua, para mim, sem uma resposta satisfatória. A revolução sexual, que liberou as mulheres para a farra com os métodos contraceptivos, não destravou, devidamente, as suas línguas, e isso é sintomático. Raras exceções merecem ser mencionadas, relembrando aqui alguns poucos nomes que me são caros como as imbatíveis Hilda Hilst e Márcia Denser, a própria Steimberg, as históricas Anaïs Nin e Colette, e duas senhoras brasileiras, sucesso absoluto de público de sua época, a quem Anêmona Bristol homenageia: Adelaide Carraro e Cassandra Rios, dignas de séria e urgente revisitação.

Despeço-me contando sobre um fenômeno que lanço como desafio e charada para os entendidos de sexo na rede. Depois de despachar alguns marmanjos inconvenientes recebi vários vídeos do YouTube com trechos do Pequeno Príncipe. Eles reclamavam, através daquela raposa imbecil, que eu era responsável pelo que tinha cativado. Esses mesmos homens são os destemidos comedores de rabo, que, quando rejeitados e ressentidos, são transformados em queixosas misses, choramingando pela foda perdida. Só me atrevo a pensar que uma queixa deste tipo anuncia o fim da civilização, o fim do mundo, mesmo, uma tristeza sem precedentes na história das relações, tema que entrego de bandeja para os estudiosos da crise da masculinidade de plantão e das feministas doutoras em gênero, porque eu agora vou cuidar de terminar o meu romance, Anêmona Bristol, que será mais um na fila de outros que não consigo publicar em lugar nenhum deste país.

MEDO DOS CÃES, MEU PAI

Hoje eu sei que o medo é frio. Como que metálico. Como devem ser os trilhos por onde deslizava o trem que levava as mulheres da família para fazer o procedimento do outro lado da linha divisória, na fronteira. O procedimento sempre se faz longe de casa, que é pra não se deixar pistas. É assim desde que o mundo é mundo. E não vai mudar. Voltaram sempre quebradas, todas elas, o corpo dobrado no movimento desencontrado da cólica de um caracol vazio, as almas secas. É assim que todas sentem, hoje sei, embora não se fale muito no assunto. É frio, eu dizia, o medo. É gelado. Como os trilhos que são como os objetos cortantes usados no procedimento.

Quando acordei vi um crucifixo na parede branca e cheguei a pensar que estava no céu. Uma freira se aproximou, me alcançou um absorvente, disse que eu podia ir e que a receita estava dentro da minha mochila. Desejou-me boa sorte. O ferro da cama antiga e os objetos cortantes, os trilhos, o medo é frio e metálico.

Minha amiga me esperava dentro do carro. Abriu a porta com cuidado e me ajudou a sentar e a colocar o cinto. Quando a casa ficou para trás eu disse que assim que eu tivesse o dinheiro… Ela respondeu que eu não me preocupasse, a gente sempre faz isso por alguém, essa é a paga, é assim que a gente paga, ela explicou. Chá de macela, o comprimido, cama e um frio que não passa. Sonhei nesse mesmo dia que você era uma menina, desde então quando penso em você, penso numa menina, por causa do sonho, deve ser. Minha mãe e minha avó não tiveram a mesma sorte na viagem de volta do procedimento. Sacolejaram no trem, mortas de dor e tiveram que dar a janta para as crianças e para os maridos e continuar a fazer a vida andar. Uma vida tão cheia que elas mal lembram, agora, e que talvez seja por isso que elas fiquem sem saber o que me contar sobre aquele dia. E sobre todos os outros que se repetiram ao longo de uma vida, quando elas tomavam o trem sem saber se voltavam ou não para preparar o jantar. Era assim naquele tempo, elas me dizem. E o tom da voz da minha mãe fica mais baixo, e o da minha avó, mais metálico.
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Ao contrário do que aconteceu com elas, depois do procedimento fui de carro pela mesma estrada para a casa onde vivem agora o meu Pai e os cães de guarda. Fui para lá para descansar. Há mato sobre os trilhos e a máquina está enferrujada perto da estação. Diga que é cólica menstrual, essa é sempre uma boa explicação. E assim você vai pra cama sem muita explicação, ela me orientou, a minha amiga. O tempo passa e o procedimento é sempre o mesmo. Desde as agulhas de tricô e crochê atravessadas, chás, raspagens mal feitas, óbitos.

É frio o medo. E ácido. Não reconheço o cheiro do meu corpo. Suo e tremo de frio. Meu Pai toma o mate na frente da lareira enquanto uma voz grave, de homem, despeja monótona o noticiário na Rádio Belgrano de Buenos Aires. Meu pai dormita ao pé do fogo. Abro a porta e saio na noite gelada enrolada na ruana grossa. O céu imenso, o campo que parece um mar, a figueira. Sento perto do balanço quebrado e choro baixinho. Os cães começam a latir. Cuscos de merda, meu Pai sempre diz, um dia ainda matam um vivente e me encrencam. Estão furiosos. Começo a suar frio sob o peso da ruana e sinto o líquido quente escorrendo entre as minhas pernas, lembro que pensei, a bolsa estourou, pensei que você ia nascer, um delírio como uma estrela cadente jogada naquela imensidão, o campo. Você que não existia mais. O sangue que escorria era você não sendo. Comecei a chorar então e o que saía de mim era como um miado e isso deixou os cães mais loucos ainda. Foi então que ouvi a voz do meu Pai, onde você está, minha filha? Ele perguntou, entre brabo e assustado. Eu disse, tenho medo dos cães, tenho medo de morrer. Ele disse, vamos pra casa, e fique quieta que então eles vão sossegar também. Mal podia andar. E a dor que parecia um trem veloz sobre mim. Mas a voz do meu Pai me assegurava que se eu ficasse quieta tudo ia ficar bem, que os cães iam se acalmar.

Quando lembro daquela volta pra casa, ao lado dele, tenho uma sensação estranha, minha filha. Se é que posso lhe chamar assim. A de que um silêncio tomou conta da minha vida, como quando a gente abaixa o som da TV num filme de terror ou de suspense, pra não sentir medo. E de que tudo ficou bem então. Os latidos dos cães foram diminuindo dentro de mim e a minha vida foi se enchendo de silêncio. E de tudo o que o silêncio pode guardar, culpa, vergonha, medo, essas coisas de mulher. E de uma saudade que nem eu entendo. Uma vida sem os seus barulhos, minha filha.

Uma vez que outra sonho com os trilhos e com os objetos do procedimento que ora brilham ora não, como relâmpagos, no escuro. E aí lembro que um dia você esteve aqui. E para que tudo fique em paz outra vez, volto a dormir e esqueço. Meu Pai tinha razão, posso lhe dizer isso agora, o silêncio é um santo remédio. Um remédio que faz a gente se acalmar e ter a certeza de que a gente não vale nada.

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* Lélia Almeida es escritora, traductora y consultora de temas relacionados a Género, Seguridad Pública y Derechos Humanos. Autora de las novelas «Antonia», «Senhora Sant’Ana», «Querido Arthur» y «O amante alemão», que recibió el Prêmio Açorianos de Mejor Novela del 2013 de la Secretaria de Cultura del Ayuntamiento de la Ciudad de Porto Alegre. Es autora de los libros de crónicas «As Mulheres de Bangok», «50 ml de Cabochard», «Mujer de Palabras» y «Posts da Lélia», de los esquetes «As gregas do Mangue» y de los ensayos «A sombra e a chama :(uma interpretação da personagem feminina n’O tempo e o vento de Érico Veríssimo» y «As meninas más na literatura de autoria feminina».

Ha participado de las antologias «O livro das mulheres» de Charles Kiefer, «Nós, os gaúchos» de Luís Augusto Fischer e Sergius Gonzaga, «O Tempo e o Vento – 50 Anos» organizado por Goncalves, Robson Pereira, ha publicado poemas en el «Pequeno inventário poético da Fronteira Oeste», organizado por Vera Molina, por la Editorial Proa, y cuentos en las antologias «Nem te conto» y «Nem te conto II» organizada por Romar Beling e Rudinei Kopp, en Santa Cruz do Sul.

Fue profesora universitaria actuando de lenguas y literaturas portuguesa, brasileña, española y latinoamericana por 16 años en la Universidad de Santa Cruz do Sul, en Rio Grande do Sul, y fue coordinadora de la editorial de la universidad. Actúa como colaboradora de la Feira do Livro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul desde 1992 y fue curadora de la Feira do Livro de Brasília en 2008, por la Câmara do Livro do Distrito Federal. Trabajó en el Ministerio de Educación en Brasilia, como asesora para temas del Mercosur y Educación, en la Secretaria de Derechos Humanos de la Presidencia de la Republica como asesora para temas relativos a la letalidad de niños y jóvenes, y en el Ministerio de Justicia como coordinadora nacional y consultora para el proyecto «Mujeres de la Paz» de 2006 hasta 2013. Publica en los periódicos electrónicos Congresso em Foco, https://congressoemfoco.uol.com.br/ Digestivo Cultural, https://www.digestivocultural.com y el Pasquim do Fausto Wolff e amigos na web, https://www.olobo.net También es columnista del Sul21, https://sul21.com.br/jornal/ y del www.wsimagazine.com/ Es autora del blog https://mujerdepalabras.blogspot.com.br/

Escritora del Mes Cronopio

Girasoles a la vinagreta

GIRASOLES A LA VINAGRETA

Por Lina María Pérez Gaviria*

[blockquote cite=»La capa. Dino Buzzati» type=»left, center, right»]Él apenas dijo nada, teniendo suficiente trabajo con reprimir el llanto[/blockquote]

El silencio retumba en los corredores de la caleta, esa tumba enorme diez metros bajo tierra. Recostado contra el muro de hormigón, Graciliano Gómez, irreconocible en su facha de pordiosero, despierta con hambre atroz. Estar vivo le supone un reto para decidir si recurre al suicidio o si se deja morir de inanición. Aturdido por un presentimiento, pega el oído a la puerta cerrada del taller. Espera oír los ruidos sutiles, a veces amodorrados, pero al fin ruidos de pasos breves, de pinceladas y trajín de tubos, frascos y papeles. Dos cerraduras y una pesada tranca parecen tareas sobrehumanas contra sus movimientos lerdos, el escalofrío y la debilidad. La puerta cede, por fin, bajo su pulso tembloroso. Sobre el enorme caballete, los trazos incipientes de La Gioconda, y tendido sobre el suelo, entre una pila de bocetos, el cadáver enjuto de Marcial Granados con las manos agarrotadas y los ojos espantados. ¡Maldito! Su prisionero se dejó morir, ganó la partida al poner fin a un cautiverio de tres años tortuosos.

Escritor del Mes Cronopio

El diálogo en la educación

EL DIÁLOGO EN LA EDUCACIÓN

Por Fernando Soto Aparicio*

Hasta hace unos años, la educación era la de las respuestas. Ahora, es la de las preguntas. Parece un cambio simple pero, en realidad, es definitivo y ha modificado por completo los sistemas del enseñar y el aprender. Antes, el docente hablaba y los alumnos oían. Uno entregaba lo que había aprendido y los otros almacenaban conocimiento. El estudiante asistía a un salón de clase para escuchar callado, y su silencio era garantía de buena conducta. Oír, y asimilar lo oído, como quien come con los ojos cerrados un alimento desconocido, sin detenerse a tomarle sabor o a rechazarlo. Y si vamos un poco más atrás en la historia de la educación, el maestro era la autoridad, la autoridad venía de Dios, y nadie podía contradecir a Dios.

Escritor del Mes Cronopio

El último tango en París

EL ÚLTIMO TANGO EN PARÍS

Por César Antonio Molina*

«Tus tetas como unas pelotas, mi próstata está como una patata». Cuando por primera vez escuché estas palabras salidas de la boca de Paul (Marlon Brando) estaba muy lejos de tener aquellos cuarenta y cinco años que él representaba en el filme de Bertolucci, y aún así me preocuparon extraordinariamente. Ahora, cuando las vuelvo a oír y transcribir, pasada ya de largo aquella cifra que me parecía inalcanzable, me producen nostalgia y, no sé por qué, menos preocupación que antes. El tiempo aminora los miedos porque los hace inevitables, los convierte en costumbre. Ya en el Mahâbhârata se afirma que sólo es feliz quien ha perdido toda esperanza, pues la esperanza es la mayor tortura y la desesperanza la mayor felicidad. Paul y Jeanne (Maria Schneider) son —a su manera— felices en la desesperanza, en el desconocimiento, en el anonimato, en la experiencia del buen salvaje al margen de todo y únicamente satisfaciendo las necesidades más primarias. Sus males comienzan cuando quieren ser felices (sobre todo Paul) de una manera convencional.

Literatura Cronopio

Mi maravilloso mundo de porqueria

MI MARAVILLOSO MUNDO DE PORQUERÍA

Por Elssie Cano*

Como casi todos los domingos, voy camino a la verdulería que está en la calle 82 y la Roosevelt, a comprar lo necesario para la semana. Mientras camino me topo con cientos de personas que van sumidas en sus pensamientos, en sus propios mundos, y me pregunto qué estarán pensando. Lo que es yo voy pensando en huevadas. Pienso en qué voy a comer al mediodía, en qué grande la tendrá el tipo que pasa a mi lado, pienso en que mañana será lunes y tendré que volver a trabajar, pienso en cuántas pulgadas llevará en la bragueta el «papasote» que cruza la calle. Pienso en vergas duras, puras pendejadas. Bueno, de repente me ataca la melancolía y me da por pensar en James. James es el padre de mi hijo. Cosas de la puta vida nos separaron y no he vuelto a verlo en diez años.

Literatura Cronopio

La periferia de la periferia. Notas sobre la literatura brasileña

LA PERIFERIA DE LA PERIFERIA. NOTAS SOBRE LITERATURA BRASILEÑA

Por Sérgio Massucci Calderaro*

Veamos. ¿Por qué Jorge Amado no es tan laureado como Vargas Llosa? ¿Por qué Joyce es una leyenda y Guimarães Rosa un ilustre desconocido? ¿Por qué João Cabral de Melo Neto suena insignificante al lado de un García Lorca? Porque su calidad literaria es peor, podrían decir algunos. Quizás. Pero ojo: mejor o peor son conceptos subjetivos, complejos y polémicos, y en este artículo no nos meteremos en esta peligrosa senda. Aunque quepa la posibilidad de que sus calidades literarias sean peores, ¿cómo llegar a esa conclusión? Pues… leyéndoles. Y ahora sí podemos avanzar y reformular nuestras preguntas: ¿Por qué se leyó y se lee más Llosa que Amado, más Joyce que Rosa y más Lorca que Cabral? ¿Por qué tan ínfima difusión de la literatura brasileña por el mundo e incluso dentro del propio continente suramericano?

Literatura Cronopio

Más allá del síndrome del avestruz: la novela del sicario en Colombia, de Oscar osorio

MÁS ALLÁ DEL SÍNDROME DEL AVESTRUZ: «LA NOVELA DEL SICARIO EN COLOMBIA», DE ÓSCAR OSORIO

Por Alejandro José López*

1

Hagamos de cuenta que no pasa nada. A muchos colombianos les seduce este juego. Juguemos, entonces: «Erase una vez Colombia sin pobreza, sin políticos corruptos, sin barrios marginales, sin guerrilleros ni paramilitares ni ejército; erase, de hecho, una Colombia sin guerra. Y éste era un país sin niños des-escolarizados ni hambrientos, sin desplazados, sin gentes muriéndose en los pasillos de los hospitales suplicando ser atendidos, sin E-Pe-eSes negando medicamentos esenciales ni condenando a muerte a sus propios afiliados con tal de incrementar las ganancias, sin millares de personas viviendo en la indigencia, sin desempleados ni trabajadores mal-pagos ni subcontratados por agencias de empleo expertas en burlarles sus derechos —en este país, desde luego, el Estado no autorizaría agencias de semejante laya—. Erase una vez Colombia sin atracadores propinando tiros de gracia a quienes se nieguen a entregar sus pertenencias, ni canallas que se creen muy machos porque ultrajan a las mujeres que dicen amar, y las insultan y golpean y asesinan o mutilan con ácido. Y éste era, cómo no, un país donde la palabra extorsión ni siquiera aparecía en el diccionario, un país sin narcotráfico —o sea, sin aquella fauna tenebrosa repleta de ‘traquetos’, ‘patrones’, lava-perros y sicarios—». Pues bien, a quienes gustan tanto de este juego, voy a hacerles una confesión: a mí también me encantaría vivir en ese país. Sin embargo, lo sabemos muy bien, esta colombiana cotidianidad que nos ha tocado en suerte, arroja sobre nuestras vidas infinidad de pruebas que refutan la existencia real de aquella nación. Hasta ahora una Colombia sin todas estas lacras sólo prevalece oníricamente en nuestros mejores deseos: es el país de nuestros sueños. Pero la nobleza de esta aspiración no debería llevarnos a la insensatez de instalarnos allí de modo ingenuo; es decir, volviendo la espalda a la realidad que necesitamos estudiar, diagnosticar, intervenir y transformar. Pretender que la negación de los horrores circundantes nos librará de ellos, equivale a enfermarnos de un mal psicológico y cultural, de una dolencia que la sabiduría popular ha denominado siempre el síndrome del avestruz.

Literatura Cronopio

Ensalada criolla

ENSALADA CRIOLLA

Por Francisco Cabanillas*

[blockquote cite=»César Vallejo» type=»left, center, right»]Me duelen los cuchillos de esta mesa…[/blockquote]

[blockquote cite=»Josean Ramos» type=»left, center, right»]Aunque se alega que Puerto Rico fue el único país caribeño que nunca visitó el inmortal escritor Gabriel García Márquez, el Gabo sí estuvo muchas veces en la Isla haciendo escala de Bogotá a Madrid, pero encerrado en un pequeño cuartito del aeropuerto casi hermético, que lo hacía sentir como en una celda con un guardia a la entrada. Y es que por su verticalidad, el Gabo había chocado contra el muro imperialista de la Ley McCarran, al negarse a declarar que no era comunista.[/blockquote]

Alfil Cronopio

Tejer la paz

TEJER LA PAZ

Por Marcel Hofstetter Gascón*

La paz, ese bien tan preciado y anhelado por el pueblo colombiano está muy cerca de conseguirse. Este hito, perseguido por más de medio siglo, se asoma como una realidad inexorable. Difícil de imaginar, y difícil de creer. La dinámica venidera obliga a plantearse sobre los pasos que se deberán dar para garantizar la viabilidad de los acuerdos. La firma de los acuerdos, vendrá precedida de no pocas dificultades.

Sociedad Cronopio

Marta Gómez: Una voz comprometida con su tiempo

MARTA GÓMEZ: UNA VOZ COMPROMETIDA CON SU TIEMPO

Por Zulma Andrea Sierra Bedoya*

Hay canciones que son poemas en sí mismos y pareciera que no hace falta música para disfrutarlas; pero cuando quien escribe también canta, la música ya resulta imprescindible y las palabras trascienden más allá de su sonoridad.

Literatura Cronopio

Huida

HUIDA

Por Juan Miguel Borda Lapébie*

[blockquote cite=»El Independiente, viernes 13 de junio de 2014″ type=»left, center, right»]Asesinado un niño de 9 años a manos de un hombre perturbado en Buñol (Valencia)[/blockquote]

JUAN

A través del cristal de la ventana, un balcón. Junto a la barandilla, el olor de unos geranios, aún humedecidos por la tormenta de la noche, atrapa a Juan en un torbellino de recuerdos de infancia especialmente recurrentes en los últimos días. Tal vez sea la entrada del verano, el tiempo luminoso y cálido, la respuesta del cuerpo súbitamente envuelto en el aire renovado de la nueva estación. Por encima de la cornisa del edificio de enfrente, un cielo azul de junio, liso y monótono.

Sociedad Cronopio

EL malleus maleficarum, la brujería medieval y la persecución de las mujeres

EL MALLEUS MALEFICARUM, LA BRUJERÍA MEDIEVAL Y LA PERSECUCIÓN DE LAS MUJERES

Por Ana Rosa González Sánchez*

La práctica de lo que se puede denominar como magia popular con toda seguridad existió siempre, suponiendo un problema sólo a partir del momento en que las instituciones religiosas establecidas empiezan a considerar su existencia y práctica como contraria a la fe y, por tanto, objeto de persecución y castigo. Sabemos que ya desde el siglo VI se condenaba la creencia en la brujería y en las prácticas mágicas, aunque la Iglesia le otorgaba entonces escasa importancia. Más adelante, entre los siglos X y XIII, los manuales para confesores solamente dictaban rezos y penas monetarias contra este tipo de pecados aún considerados menores.

Periodismo Cronopio

De flamenco, del Miguel Hernández y de sentimientos extremos

DE FLAMENCO, DE MIGUEL HERNÁNDEZ Y DE SENTIMIENTOS EXTREMOS

Por Olvido Andújar*

[blockquote cite=»Miguel, de Manuel Alcántara» type=»left, center, right»]

No sabía que Miguel
muriera de España y cárcel.
No se podía saber.

Era yo un niño en el parque.

Bajó del penal al aire
un rebaño de palabras.
Estaban llenas de sangre.

Era yo un niño en la playa.

A aquellos montes de Málaga
tiraron todos sus versos
y sus penas y sus cabras.

Aquí se mató un almendro.

A tierra que mata almendros
yo no la puedo creer
aunque jure por sus muertos.
[/blockquote]

Literatura Cronopio

Pierrot o los secretos de la noche

PIERROT O LOS SECRETOS DE LA NOCHE

Por Maria del Carmen Fernandez Díaz*

Escoger entre el amor y la seguridad material no siempre es fácil. Pero, ¿y si fuera posible retener ambas cosas? A continuación veremos el guiño risueño que nos hace Michel Tournier en su cuento «Pierrot o los secretos de la noche».

Literatura Cronopio

Al calor de la predica

AL CALOR DE LA PRÉDICA

Por Alessandra Molina*

[blockquote cite=»Austerlitz. W. G. Sebald» type=»left, center, right»] Sobre las razones que pudieron inducir al predicador Elías y a su pálida mujer, en el verano de 1939, a recogerme en su casa, sólo puedo hacer conjeturas, dijo Austerlitz. Al no tener hijos, como no tenían, confiaban quizás en poder contrarrestar la congelación de sus sentimientos, que indudablemente les resultaba más insoportable cada día, dedicándose juntos a la educación de aquel chico de cuatro años y medio, o quizás pensaron que estaban obligados ante una instancia más alta a realizar una obra que excediera la caridad cotidiana y supusiera entrega personal y sacrificio. Posiblemente creían también tener que salvar de la condenación eterna a mi alma no rozada por la fe cristiana.[/blockquote]

Sur Cronopio

70 millones de historias

70 MILLONES DE HISTORIAS

Por Jimena Vera Psaró*

Hay dos modos de transitar una ciudad: taparse los oídos para no escucharla, verla y sentirla o bien dejarse penetrar por cada uno de sus personajes que interpelan. En toda urbe siempre hay un loco que vende diarios, un limpiavidrios, quien pide monedas y muchos niños en situación de calle. Ellos esperan que una mirada les devuelva la entidad de persona, que quien pase a su lado sea por un segundo un interlocutor interesado en sus demandas.

Sociedad Cronopio

Charly en el pais de las alegorias: Un viaje por las letras del cantautor

CHARLY EN EL PAÍS DE LAS ALEGORÍAS: UN VIAJE POR LAS LETRAS DEL CANTAUTOR

Por Mara Favoretto*

[blockquote cite=»Reloj de plastilina» type=»left, center, right»]Alcanzar lo interminable rebotando en la pared dando vueltas en el aire mientras el payaso hace la red[/blockquote]

Charly García ocupa un lugar en el imaginario de los argentinos y en el espacio social, político y cultural. Es probable que la mayoría de los argentinos en mayor o menor medida sepan quién es y puedan identificar algunas de sus canciones. Su imagen popular combina elementos anecdóticos de su vida pública y privada con su producción artística. Charly combina lo mejor de lo clásico con lo moderno y lo posmoderno, atraviesa estilos y cruza géneros y logra un efecto enigmático con sus palabras. ¿Qué es lo que yace en el fondo de su forma tan particular de comunicarse?

Sociedad Cronopio

Xiber escritur ram o religión fractal

XIBER: ESCRITURA RAM O RELIGIÓN FRACTAL

Por Julio César Goyes Narváez*

[blockquote cite=»Xiber» type=»left, center, right»]Era la encarnación del furor gramatológico, la furia de la lectura y la escritura en una sola remoción de signos y de voces, además de ser buen peleador[/blockquote]

En Xiber, el relato de Mario Madroñero publicado recientemente por la Alcaldía de Pasto, en la colección «Pasto Ciudad Capital Lectora», el mundo ya es pequeño, la interconexión global lo achicó, aun cuando las economías son perversas está cartografiado, se puede mapear e, incluso, viajar por las ciudades recorriéndolas en un día, quizá en horas, tal vez tan sólo en un minuto o menos, si se escanea en progresivo (+ o – R; blu ray). El mundo que otrora fue inabarcable parece detenerse y animarse en la imaginación de las tecnologías del divertimento, de la información de fichas y la comunicación de la vida privada que se hace pública. El deseo de las palabras todavía sobreviven en una escritura de retazos tecnoperceptivos y metacognitivos bajo el lema invertido: «Vamos a faltarnos el respeto, usando el alfabeto completo». El relato inicia y cierra con interconexiones semejantes a la navegación de un internauta que encuentra su sinapsis en cualquier sitio y no–lugar, de allí que el voyerista puede ver a Roxie (Ángel Negro) batir huevos y a René (ultra hacker) acariciar su revólver mientras en el zapping concluye que «Tokio era como Praga y Ciudad Gótica». Se podría decir que Pasto es Xiber Dios, cualquier ciudad del mundo, pues está en todas partes y en ninguna, como la mirada ubicua del sagrado corazón.

Literatura Cronopio

El mago mercer y la aguacatera

EL MAGO MERCER Y LA AGUATERA

Por Marta Lucía Fernández Espinosa*

Las lloviznas de noviembre la traían de regreso a su tierra natal, el informe meteorológico había anunciado temporadas de lluvia con actividad eléctrica que se prolongarían hasta diciembre. Xango y Oxum retozaban los últimos amaneceres de estación, mientras dos seres se cruzaban, como dos extraños, por los muros de aquella ciudad de luces, después del encuentro mortal. Él buscaba insólitas piezas de colección, que hacían fastuoso el mercado de la propiedad privada. Ella, una solidaria aguatera, asoladora de los privilegios, comunista de su piel de agua, plural e igualitaria; se conservaba afluente para escurrirse, inaprensible, entre los dedos de los comerciantes. El pasó de largo, ella era una baratija, eliminó a la aguatera de sus contactos en medio de las tormentas eléctricas y el aguacero del 18 de noviembre; no sin antes escupir, con voz de trueno, una colección de insultos referidos a degustaciones escatológicas y una mezcla de maíz, cebollas y tomates.

Literatura Cronopio

Los multiples rostros de Alejo Carpentier

LOS MÚLTIPLES ROSTROS DE ALEJO CARPENTIER

Por Irene López*

Este año (2014) se cumplen 110 años del nacimiento del escritor cubano Alejo Carpentier. No es mi intención componer una reseña de efemérides o de anécdotas. Muy por el contrario, el sentido de una relectura de su extensa producción consiste en reponer la magnitud, profundidad y dimensión crítica de la misma.

Sociedad Cronopio

Encuentro con el movimiento tacuara en buenos aires

ENCUENTRO CON EL MOVIMIENTO TACUARA EN BUENOS AIRES

Por H.C.F. Mansilla*

En 1962 mi desencanto con la vida tuvo una causa inicial. Tenía entonces diecinueve años, y aun no había experimentado ninguna desilusión seria. Antes de viajar a Alemania para seguir mis estudios universitarios, pasé unos meses en Buenos Aires. Logré hacer unos contactos con jóvenes de la alta sociedad porteña, que me invitaron varias veces a cenar, a conversar o simplemente a pasar juntos el tiempo. No puedo negar que fueron muy amables y generosos conmigo. Era un grupo compacto de unas siete u ocho personas, que tenían entre dieciocho y veinte años. Todos llevaban apellidos muy ilustres: familias presidenciales, héroes de la independencia, gobernantes del periodo 1810-1820. Por todas partes había calles y plazas con los apellidos de los muchachos. Pero los varones me parecieron detestables y hasta peligrosos y las chicas una franca desilusión. Casi todos los muchachos eran miembros del Movimiento Tacuara: decían profesar una ideología fuertemente nacionalista, antidemocrática y antiliberal. No se identificaban con sus propios antepasados que habían construido la Argentina moderna, liberal y cosmopolita. Despreciaban la cultura europea y sobre todo la francesa.

Literatura Cronopio

Abril funesto

ABRIL FUNESTO

Por Carlos Mario Borja*

Un mar negro de gabardinas, chalecos y sombreros se aglomeraba frente a la droguería Nueva Granada y se disponía a ir calle abajo hacia el palacio presidencial. La horda furiosa vociferaba frases de venganza, se oían sollozos entre la multitud, escupían e insultaban al cuerpo linchado que era arrastrado desde los pies por dos hombres que iban a la cabeza de la procesión. Un cuerpo desnudo, irreconocible y arrollado que, con dos corbatas en el cuello y los calzones en el tobillo, matizaba el ambiente de la capital en una oscura y gélida tarde del 9 de abril de 1948.

El Gran Ojo Cronopio

Bajo la piel del miedo: Escándolo o película?

BAJO LA PIEL DEL MIEDO: ¿ESCÁNDALO O PELÍCULA?

Por John Harold Giraldo Herrera*

Scarlett Johansson ha protagonizado un escándalo mediático. Fotos desnudas de ellas salieron a la luz pública, como fotogramas de una película que parece traer una carga emotiva grande o por lo menos una polémica. Ahora, la actriz, cantante y modelo, cuenta con una figura que atrae y moviliza como símbolo sexual.

Literatura Cronopio

Lejos de Roma o la visión poética del exilio

LEJOS DE ROMA O LA VISIÓN POÉTICA DEL EXILIO

Por Antonio Arenas Berrío*

[blockquote cite=»Pablo Montoya Campusano» type=»left, center, right»]Todo obedece, además, a una ineludible y secreta ley del poema. Usted sabe que lo que intenta conjurar quien se dedica a escribir es el silencio. Todo reside en la lucha entre el silencio y la palabra. Para ellos (los poetas), mejor dicho, el silencio es su primer y último lenguaje[/blockquote]

En la novela Lejos de Roma (2008) hay muchas referencias del poeta Publio Ovidio Nasón, que un lector puede descubrir y lo allí escrito, no habría podido llegar hasta nosotros sino a través de la voz del poeta romano, apreciada como un susurro y un lamento silencioso en los cuarenta fragmentos que componen esta novela. La poesía, el exilio y la tristeza forman la riqueza de esta ficción. Ahora bien, Lejos de Roma, nos muestra la transmisión de la herencia espiritual de un poeta, la tiranía en la sociedad romana y el desarrollo general de la humanidad frente al exilio.

Filosofía Cronopio

La liberación y los fantasmas

LA LIBERACIÓN Y LOS FANTASMAS

Por Alejandro Arturo Vallega*

Pienso que la gran vuelta de la filosofía mundial ocurre en parte gracias al pensamiento de Enrique Dussel. En él se encuentra un giro hacia un pensamiento que en vez de aislarse en si mismo y querer reconocer su originalidad exclusiva, o sea dejando fuera a lo otro, se abre a una infecciosa interpluralidad. Quiero decir que si uno lee a Dussel con cuidado, uno se da cuenta de que dada la geopolitica del pensamiento, la filosofía es siempre una experiencia mundial, y por esto transmoderna, ya que ni comienza ni termina con la modernidad Europea o con la historia de la filosofía Europea y Norteamericana y el otro (genitivo) de esta. Pero para entender esta transmodernidad hay que dar un paso clave que puede llevar a un malentendido sobre la filosofía de liberación de Dussel: se trata de ver la división geopolitica del poder mundial de una manera transformativa y no estática.

Sociedad Cronopio

Rosario y Antonio, los chavalillos sevillanos

ROSARIO Y ANTONIO, «LOS CHAVALILLOS SEVILLANOS”

Por José de la Vega*

(Lo que no se contó en mi libro “EL FLANENCO QUE VIVÏ” José de la Vega).
Dedicado a Rosita Segovia, mi amiga del alama.

Florencia Pérez Padilla, nombre de pila de la bailarina-bailaora Rosario (Sevilla 11-11-1.918 – Madrid- 23-1-2.000) .

Rosario conoce a Rosita Segovia en 1.936, en el espectáculo, que salieron para hacer una tournée por Francia actuando a beneficio de los “Hospitales de Sangre”, o “para los comunistas”, como nos aclara Rosario en nuestra conversación telefónica.

Me decía:

“José, yo no estoy viviendo en Barcelona como tú, porque Dios no quiso, pues antes de irnos para Francia yo tuve un novio en Barcelona que se llamaba Eduardo Cos, cuyo padre tenía una escuela de altos estudios, y yo estaba colada por él, tanto es así, que quería casarse conmigo y habló con mi madre, pero el destino nos separó y lo mataron en el frente”.

Literatura Cronopio

El certamen literario

EL CERTAMEN LITERARIO

Por Vicente Antonio Vásquez Bonilla*

El escritor se presentó al concurso mundial de microficción con el cuento: Asombro, cuyo texto completo era: ¡Oh!

¡Y ganó!

Cuando el jurado internacional, formado por literatos de renombre dentro del universo de las letras, dio a conocer el resultado, una cortina de incredulidad cubrió al mundo intelectual.

Literatura Cronopio

Eva...sivas cotidianas (breves historias de desencuentros)

EVA… SIVAS COTIDIANAS (BREVES HISTORIAS DE DESENCUENTROS)

Por Norma Esther García Meza*

I

EVA Y LOS INSTINTOS

Eva exprime naranjas
Bebe el jugo de las almendras
Se nutre con ciruelas y manzanas
Su cuerpo huele a durazno
A níspero
A fresca sandía
Pero Adán ha perdido la inocencia
No huele, no siente, no mira, no escucha,
no saborea los efluvios del deleite
Sus sentidos se han colmado de arrepentimiento
y sus pies buscan —necios— el borde del abismo.

Literatura Cronopio

Puntadas de una espia española: El tiempo entre costuras

PUNTADAS DE UNA ESPÍA ESPAÑOLA: EL TIEMPO ENTRE COSTURAS

Por Norha Stella Mendieta V.*

Siempre me han gustado las novelas históricas. Es una posibilidad de aprender mientras hago lo que más me gusta: leer; y las disfruto mucho más cuando la narración está bien escrita, cuando se combinan escenarios, hechos y personajes reales con la ficción del escritor. Esta combinación me lleva a investigar y a descubrir sucesos, y si no fuera por el interés que me suscita el tema de este tipo de novelas, no me motivaría a profundizar en la historia verdadera. Fue lo que me sucedió cuando leí El hombre que amaba a los perros escrita por Leonardo Padura, (sobre Lev Davidovich Bronstein —León Trotsky—), El Imperio eres tú escrita por Javier Moro, (sobre Pedro I), ganadora del Premio Planeta 2011 y lo que intuyo que puedo encontrar en Prohibido entrar sin pantalones de Juan Bonilla, (sobreVladimir Maiakovski), ganadora de la Primera Bienal de Novela de Lima 2014.

Literatura Cronopio

Octavio Paz la construcción de un mito

OCTAVIO PAZ: LA CONSTRUCCIÓN DE UN MITO

Por Jorge Daniel Ferrera Montalvo*

[blockquote cite=»Gabriel Zaid: Los demasiados libros» type=»left, center, right»]Quizá, por eso, la medida de la lectura no debe ser el número de libros leídos, sino el estado en que nos dejan.[/blockquote]

La cuestión aparentemente es básica, incluso de tipo histórica: confundir la voz lírica, narrativa, con la mentalidad del autor; creer que lo que se escribe o está escrito es inseparable de su vida privada o pública, pero ¿Acaso no existe una larga tradición de crítica y teoría literaria que abunda en análisis de estilo histórico y biográfico? ¿Acaso no contribuyen esta clase de enfoques a la configuración del mito del autor? Pienso, por ejemplo, en las numerosas monografías sobre los poetas simbolistas o en las semblanzas acerca de los escritores malditos norteamericanos; teniendo como antecedentes más remotos la Poética y Retórica de Aristóteles. Estas perspectivas son hoy el fruto del romanticismo del siglo XIX y del historicismo alemán. Sin embargo, en estos recientes días que se celebran los 100 años del natalicio de Octavio Paz y que reviso nuevamente su obra, no puedo evitar incurrir en esta dirección: profesando una especie de hartazgo y notable cercanía hacia lo que representa su figura.

Literatura Cronopio

Historias para no olvidar lo aprendido

HISTORIAS PARA NO OLVIDAR LO APRENDIDO

Por Carlos Arturo Correa Maya*

AGUA PARA EL ÁNGEL DE LA GUARDA

Mis padres me enviaban a la finca de mi abuela materna todas las vacaciones escolares argumentando que merecía descansar después de duros años de exigentes tareas. Debido a la especialidad con que me trataba y al cariño que le profesaba, ambos esperábamos esas temporadas para pasarlas juntos. Después del fallecimiento de mi abuelo, ocurrido muchos años antes de yo nacer, ella decidió vivir en solitario en una casona rodeada de montañas y extensos cultivos y justamente debido a la soledad en que vivía solía decir que agradecía al cielo mi estadía. También gozaba presentándome a los hijos y nietos de sus amigas que vivían en el pueblo cercano a su hacienda, cuando algunos domingos realizábamos largas visitas, que incluían no sólo los últimos chismes del lugar sino ricos algos y abundantes cenas.

Sociedad Cronopio

Una mirada a la decada de 1980: Liberación económica en el este asiático

UNA MIRADA A LA DÉCADA DE 1980: LIBERALIZACIÓN ECONÓMICA EN EL ESTE ASIÁTICO

Por Alan D. Garin*

La tracción económica que el Este de Asia ha logrado ejercer en el contexto de la globalización, por cuyo alcance e importancia no puede ser ignorada, ha generado cierta admiración en algunos, y más de una preocupación en otros.

En América Latina, donde la problemática del desarrollo económico y el comercio está siempre vigente, este proceso ha llamado especialmente la atención. Particularmente en los últimos años, donde el crecimiento económico general de la región ha reavivado debates (aparentemente irreconciliables) en torno a los roles del Estado y del mercado, muchos señalan las experiencias china y coreana como una exitosa «combinaison» a tener en cuenta.

Sociedad Cronopio

Diego Ordoñez una vida para el rock

DIEGO ORDOÑEZ, UNA VIDA PARA EL ROCK

Por Andrés Torres Guerrero *

I.

El día que supe que estaba enfermo, escuché su música [1] como una celebración a la vida, a su vida. Durante los siguientes meses tuve la esperanza de que fuera a sanar. El jueves 4 de julio de 2013, se fue.

Federico Moura, King Curtis, Allen Collins, Mike Bloomfield, Michael Hutchence, Bobby Darin, Jeffrey Lee Pierce, fallecieron a su misma edad.

Verde Cronopio

Hoy una vez más me refiero a la descontaminación

HOY, UNA VEZ MÁS, ME REFIERO A LA DESCONTAMINACIÓN

Por John Mayshash*

Desde hace tiempo, un largo tiempo, inicié estos comentarios sobre ecología, naturalismo, protección ecológica, descontaminación del planeta y conservación de los sistemas naturales de la tierra.

He hablado sobre la matanza indiscriminada de ballenas, delfines, tiburones y otros animales acuáticos en los mares del mundo.

Sociedad Cronopio

La revitalización del asombro en las aulas

LA REVITALIZACIÓN DEL ASOMBRO EN LAS AULAS

Por Isabel Ramírez Ramírez* y Alejandra Carrasquilla Patiño**

Cuando el asombro toca la puerta

[blockquote cite=»Platón» type=»left, center, right»]El amor es alegría de la buena, maravilla de los sabios, y asombro de los dioses[/blockquote]

Observar el cielo, imaginar figuras en las nubes, aventurarse como Alicia en un país único, hablar con dodos, con un conejo vestido de smoking y reloj o hablar con un gato psicodélico con la más hermosa sonrisa, maravillarse ante la simplicidad del mundo, danzar bajo la lluvia o saltar sobre los charcos que se producen de ella. Eso es asombrarse, pensar sobre el porqué de las cosas, ir más allá de lo que vemos pues “lo esencial es invisible a los ojos”. (Saint-Exupéry, 2003, p. 23)

Escritor del Mes Cronopio

Diana querida

DIANA QUERIDA

Por José Prats*

Carta de reinvención, Diana. Trataré de unir fragmentos ante los minutos movedizos. Pero tal vez lo sensato sería el silencio. Perdóname entonces el egoísmo de la escritura. Y hacerte el truco de postergar el enigma para el final, sencillamente porque para mí nunca lo fue. Al menos, cuando termines de leerla, abrirás otro azar. Quiero que la flor se deshoje solita en tu cuarto, sobre la cama que nunca usamos, sin que ni siquiera yo llegue a saber por cuál pétalo optaste, cuál opinión sobre mi actitud será la que construyas.

Escritor del Mes Cronopio

Humo y cotorritas

HUMO Y COTORRITAS

Por Nestor Ponce*

A Eva

OCHO Y CATORCE

Antes había venido la Pufi con un petardo megafenomenal y nos quedamos en las piedras detrás del bosque de acacias, comentándolo. Ella sabía que mañana era el gran día, la gran pucha que es el gran día. Después cayó la Pecosa con Trébol y me estuvieron haciendo preguntas por el asunto del regreso de mi hermano.

—A mí en el fondo me importa un pito. Que venga y chau —les contesté.

Y ellas se asombraron por mi falta de interés y seguro que en el fondo no me creyeron, aunque yo necesitaba convencerme de que sí.

Escritor del Mes Cronopio

Inframundo

INFRAMUNDO

Por Federico Ferroggiaro*

Si no tuviera una ventana a la calle y no fuera justo junto a ella y sus cortinas gruesas que instalé mi sofá de lectura, los ruidos de la madrugada hubieran sido apenas otros sonidos remotos colándose en el entramado silencioso de mis vigilias. Cuestión que yo leía anoche, y esa novela me rechazaba, me impedía entrar en su relato porque el autor, y la voz que había creado, no acababan de permitirme acceder a ese universo que las palabras creaban. La frustración y mi persistencia en el esfuerzo me distraían y por eso el ruido ─una suerte de explosión, seguida de un derrumbe de rocas y tierra─ acaparó el interés que la ficción estaba despreciando. Resuelto a informarme de lo que había sucedido, me quité las gafas y la carga de aquel libro poco hospitalario para salir a la calle a ver si era capaz de sorprenderme la realidad.

Periodismo Cronopio

Cronica de japon

CRÓNICA DE JAPÓN

Por Martín Camps*

[blockquote cite=»Basho» type=»left, center, right»]En el agua
hay un reflejo
es alguien que va de viaje[/blockquote]

Viajamos sobre los viajes de otros, seguimos sus pasos y sobre todo, si son viajes literarios. Así que en el avión que tomé en San Francisco para ir a Japón, por primera vez, me llevé el libro En el país del sol de José Juan Tablada, el poeta que se fue en el buque de vapor Hong Kong Maru en mayo 15 de 1900, en un viaje de dos semanas por el mar. Ahora, voy en el avión que hace una elíptica por el mar pacífico compitiendo contra la fuerza de gravedad de la tierra e intentando alcanzar la espalda del sol. El avión va casi vacío, algunos pasajeros se apoderan de los tres asientos de la fila de en medio para poder recostarse, uno de ellos va borracho, habla en japonés y se tiende en los tres asientos, no se despertará hasta aterrizar. Yo me quedo en mi asiento asignado, cerca de la ventana, me gusta poder otear cuando llego a ciudades en las que nunca he estado, sus luces centelleantes, sus automóviles y la organización de calles, volar nos permite conocer las ciudades como si fuéramos seres de otros planetas que llegan en sus naves desde arriba. Recordaba que de niño consumía series japonesas, entre mis favoritas: «Señorita cometa» (con la hermosa Yumiko Kokonoe) sobre una muchacha que cuida a dos niños: Takeshi y Koji, pero mi favorita, que me mantenía despierto los domingos en la noche era: Itto Ogami (interpretado por Yorozuya Kinnosuke), el padre soltero que viajaba con su hijo con una carriola y se contrataba para matar con su espada de samurái.

Periodismo Cronopio

Cuarenta y dos kilometros con ciento noventa y cinco metros

CUARENTA Y DOS KILÓMETROS CON CIENTO NOVENTA Y CINCO METROS

Por Olvido Andújar*

[blockquote cite=»Del poema «Palabras para Julia», de José Agustín Goytisolo» type=»left, center, right»]Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino, nunca digas
no puedo más y aquí me quedo[/blockquote]

El 19 de abril de 1967 se estrenaba «Casino Royale» y pronto se convirtió en una de las películas más taquilleras del año; Frank Sinatra y su hija Nancy ocupaban los primeros puestos de las listas de éxitos de todo el mundo con su «Somethin’ Stupid»; la sonda Surveyor III se posaba sobre la luna y enviaba fotos a los Estados Unidos; The Beatles firmaban un contrato para permanecer unidos durante diez años más, que no llegaron a cumplir; y el neozelandés Dave McKenzie ganaba la septuagésima primera edición de la maratón de Boston con un tiempo de dos horas, quince minutos y cuarenta y cinco segundos. Sin embargo, la verdadera victoria de aquel día y de aquella prueba de atletismo la protagonizaría otro dorsal, el número 261, en cuatro horas y veinte minutos. Porque a veces pasa que las grandes victorias no consisten en llegar el primero a la meta.

Sociedad Cronopio

A distancia y a la pelota

A DISTANCIA Y A LA PELOTA

Por Enrique Winter*

A distancia

Geniales en sus locaciones de origen –gracias al acabado conocimiento de la idiosincrasia–, cada vez que directores como Woody Allen filman en el extranjero parecieran hacerlo con menos agudeza. El poeta Charles Bernstein se lo toma con humor en “Sonnette 747 de Nueva York” describiendo la ciudad con los errores típicos que cometería un turista leyéndola desde un avión.

Literatura Cronopio

Fragmentos de un diario

FRAGMENTOS DE UN DIARIO

Por Alberto Villanueva*

Leo un capítulo sobre Cioran en You Must Change Your Life. De acuerdo en que no es un estímulo al suicidio (como insiste Ele)… de lo contrario no lo hubiese incorporado a mis poemas desde hace décadas. No, es la «manera más saludable de mantenerse incurable». Sloterdijk dice que la vida de Cioran desde París y 1937 es una explotación de la enfermedad psicopática de su etapa adolescente (fascista) a través de la escritura. De la única que se ha curado, diría Cioran, mucho más tarde. Y cita la página 14 de sus Cahiers («Je me suis fourvoyé dans les Lettres par impossibilité de tuer ou de me tuer. Cette incapacité, cette lâcheté seule a fait de moi un scribe»).

Literatura Cronopio

Estacion sabato

ESTACIÓN SABATO

Por Andrés Torres*

[blockquote cite=»Ernesto Sabato. Abaddón El exterminador» type=»left, center, right»]Uno encuentra lo que consciente o inconscientemente busca.[1][/blockquote]

En los carnavales de 1989 conseguí El túnel. Pasto celebraba sus fiestas. Quizá fue el tres o el cuatro de enero que, en medio del aburrimiento, tomé el libro. Me instalé en la sala. Desde que leí el exergo hasta la última palabra, no pude, ni quise, desprenderme de la novela. Cuánta razón tenía Edmond Jabès al afirmar: Poco a poco, el libro me consumará [2]. Recuerdo que leí como si me hubiese poseído el espíritu de Castel. No había distancia entre la piel y la página, entre la letra y la sangre, entre el verbo y la carne. Fue una implacable e impecable transubstanciación. Afuera, los gritos y la bulla de los que iban o regresaban de la Plaza de Nariño eran un leve y lejano susurro de un mundo que se había desvanecido para dar paso a una realidad tan contundente que yo me sentía caminar por la Recoleta o la calle san Martín. El Buenos Aires de María Iribarne y Juan Pablo Castel fluía por mi torrente sanguíneo… qué lejos había quedado mi ciudad y mi barrio y lo que yo era hasta ese momento, porque ese encuentro fue, para ponerlo en palabras del abuelo Desana Miru Púu (Antonio Guzmán López), como haberse topado con el tigre. Nada quedó igual. La escritura de Sabato fue esa garra felina que me hizo pasar por una muerte para devolverme a la vida. No sé cuántas horas me tardé en ser devorado por sus páginas, pero lo que sé es que esa novela (para decirlo con las palabras que utilizó Artaud cuando los tarahumaras le dieron peyote), me abrió la conciencia [3].

Sociedad Cronopio

Imagenes de la ausencia

IMÁGENES DE LA AUSENCIA

Por Margarita Saona*

Las imágenes de las que quiero hablar hoy son imágenes fotográficas. Me voy a concentrar en cómo las fotografías se vinculan a la memoria en general y a la memoria de traumas sociales en particular.

Susan Sontag (2001) escribió que todas las fotografías son «memento mori»: el fijar la imagen de un instante en el tiempo no hace más que hacernos más conscientes de su transcurso (p. 15). El instante fijado en la imagen, una vez capturado, ya se ha ido. Para Roland Barthes (1980), el «noema» de la fotografía, lo que concentra su sentido, es la frase «Esto ha sido» (p. 22). La frase condensa dos ideas: la de la existencia del objeto fotografiado, la prueba de que existió, y la de que existió en el pasado, en un tiempo que desaparece a medida que transcurre. Para Barthes esto no es lo mismo que recordar: «La fotografía no rememora el pasado (no hay nada de proustiano en una foto). El efecto que produce en mí no es la restitución de lo abolido (por el tiempo, por la distancia), sino el testimonio de que lo que veo ha sido» (p. 128). Puede ser. Puede ser que la imagen fotográfica no necesariamente —o no en todos los casos— evoque aquello que llamamos memoria episódica, aquella que reconstruye explícitamente los detalles de las experiencias autobiográficas. Pero Barthes definitivamente acierta en el aspecto testimonial y en su temporalidad.

Alfil Cronopio

Razonar Juan Manuel Santos

RAZONAR

Por Marcel Hofstetter Gascón*

La política en Colombia ha migrado hacia la descalificación y la ofensa, aderezada con un pobre razonamiento por parte de los actores de los diferentes partidos políticos. El país carece de debates serios alrededor de los grandes retos de la sociedad, y las políticas que los gobiernan.

Literatura Cronopio

Siete conversaciones con adolfo bioy caseres

SIETE CONVERSACIONES CON ADOLFO BIOY CASARES

Por Armando Francesconi*
Traducción Revista Cronopio

Per leggere il testo originale in italiano, clicca qui

Como no existe una traducción al italiano de «Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares» [1], de Fernando Sorrentino, he pensado llenar este vacío ofreciendo a nuestros lectores los aspectos más íntimos e inéditos de este refinado autor de literatura fantástica [2]. La declaración de Octavio Paz: «el tema de Bioy Casares no es cósmico sino metáfisico» [3] nos recuerda que Adolfo Bioy Casares, desde la publicación de su primera novela «importante», La invención de Morel, fue considerado como un renovador del género fantástico. El mismo Borges en la introducción a la novela afirma: «En español, son infrecuentes y aun rarísimas las obras de imaginación razonadas. […] La invención de Morel […] traslada a nuestras tierras y a nuestro idioma un género nuevo» [4].